Nascida em Belo Horizonte, mas contagense de coração, Letícia Corrêa Reis, 42, é cantora, sambista, mãe de Antônio Lucas e filha de Marly Borel e Sebastião Lucas dos Reis. Há 25 anos na estrada, Letícia começou a cantar na noite, onde conheceu diversos músicos e realizou importantes parcerias. Casos de Ronaldo Alacoque, Deli Gonçalo e o saudoso Edson Cantuária, GA Barulhista, Pitthy Max, Mou Freitas, Marcelo Veronez, Aline Soares, Maestro Júlio, Walisson Maurício e Ângelo Scarpelli.
Letícia iniciou sua carreira no grupo musical da Igreja Nossa Senhora Aparecida, no Petrolândia, onde participou do coral. O gosto pela música foi aumentando e, ali, ela viu sua aptidão para a música, tendo a mãe e o tio, Jader, como referências na família “Sempre estiveram comigo em todos os momentos da minha vida, me apoiando. Meu tio foi um grande músico, compositor, radialista, tocando junto, inclusive, com Tim Maia”, recordou.
A cantora transitou por diversos ritmos, como MPB, Blues e Jazz. Contudo, apareceu o som do tambor, o samba, e isso acabou sendo o que mais ficou intrínseco à artista. “Abracei o samba como parte essencial do meu trabalho. No samba me encontrei, me entreguei e me entrego. Ele embala meus sonhos e minha alma e nele eu consigo expressar todo meu amor e dedicação à música”, revelou, emocionada.
Nessa trajetória, Letícia foi convidada por Rafaela Ferreira a participar de um projeto somente de mulheres sambistas: o Mulherada Pede Passagem. Ele nasceu da vontade de empoderar e divulgar o trabalho das mulheres do samba de Minas: “Por meio desse movimento, veio o convite para ingressar no Projeto Samba na Roda da Saia, que hoje é o meu principal trabalho. Um projeto de empoderamento de mulheres mineiras vinculadas ao samba, que possibilita a voz e a presença das mulheres na música”.
Engajamento
Junto à carreira artística, Letícia Reis se preocupa em capacitar, evidenciar e valorizar o trabalho de cada integrante do Projeto Samba na Roda da Saia, além de qualificar outras mulheres por meio de diversas ações, entre elas oficinas de instrumentalização, canto, postura e até ensaio fotográfico. Além disso, Reis também se preocupa em compartilhar o legado de mulheres sambistas, compositoras, instrumentistas e produtoras do Estado, recuperando e propagando as histórias e legado de cada uma.
“Trazemos a proposta de retirar do imaginário da sociedade, a ideia de que as sambistas possuem papéis coadjuvantes na história do samba brasileiro. Enquanto cidadã, mulher, negra, mãe e de família humilde, entendemos o universo que nos cerca. E quando isso acontece, passamos a criar, participar e apoiar ações que valorizam a mulher, a afrodescendência, o respeito às diversidades de gênero e a educação do povo”, salientou Letícia. “Samba é resistência, é alegria, é a voz do povo, é das mulheres”, afirmou.